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terça-feira, 22 de junho de 2010

OS EXERCÍCIOS FÍSICOS NA DOENÇA DE PARKINSON

            A doença de Parkinson (DP) é uma enfermidade degenerativa dos gânglios basais cuja prevalência aumenta com a idade (1 em 1000, acima de 65 anos). Sendo, caracterizada por distúrbios do movimento devido à deficiência de dopamina na via negro estriada.  
            Atualmente o exercício físico é visto como componente fundamental para a saúde e a qualidade de vida em todas as faixas etárias e para o controle e prevenção das doenças crônicas degenerativas.  Nos parkinsonianos com a progressão da doença, a coordenação motora fica comprometida, fazendo com que o DP diminua suas atividades diárias, desencadeando uma atrofia muscular, como explica o Princípio do Desuso.
Com isso a pratica de atividade física regular e com orientação em pacientes com Parkinson terá importância adicional visando não só os aspectos motores, como também os aspectos psicológicos e sociais. Porem, essa prática deve ser regular uma vez que seus benefícios tendem a desaparecer após um período de interrupção dessas atividades.
Lembrando que a atividade física não leva ao desaparecimento da doença, porém, pode retardar sua progressão, principalmente no que diz respeito à rigidez muscular e lentidão dos movimentos.

Uma das definições que mais atende as necessidades do Portador da Doença de Parkinson inclui:
  • A atividade física regular, que é o inverso do sedentarismo;
  • Uma alimentação contendo os nutrientes necessários e rica em fibras e líquidos, para combater a constipação intestinal;
  • A ausência de vícios como drogas, tabagismo e bebidas alcoólicas;
  • O controle do estresse; e
  • Um sono reparador.

Para o parkinsoniano a atividade física reveste-se de especial importância, sendo responsável por boa parte da resposta clínica ao tratamento. Podendo destacar os seguintes benefícios alcançados com a atividade física:
  • Diminui a constipação intestinal;
  • Melhora a força muscular, a flexibilidade, a destreza motora e o equilíbrio;
  • Melhora a função miocárdica e o sistema cardiovascular;
  • Diminui a formação de edemas;
  • Melhora a bradicinesia (lentidão);
  • Diminui as tonturas por queda de pressão arterial;
  • Diminui a sensação de fadiga;
  • Aumenta a tolerância à dor e ao desconforto;
  • Melhora o trato urinário;
  • Melhora o sono, propiciando etapas acima de três horas, o que permite a fase REM;
  • Melhora nas AVDs (Atividade de vida diária);
  • Diminui a rigidez, principalmente a articular;
  • Ajuda a iniciar os movimentos;
  • Promove a independência; e
  • Provavelmente atua beneficamente na produção e na estocagem de dopamina.

Esses benefícios vão agir no parkinsoniano aumentando o relaxamento muscular, a coordenação dos movimentos e a marcha, a flexibilidade das articulações, a capacidade respiratória e circulatória, ajuda a digestão e contribui para o bem estar e melhoria do estado psicológico.

As atividades recomendadas incluem:
·         Manter, por mais tempo possível, as atividades fisicas do dia-a-dia;
·         Fazer corrida ou caminhadas;
·         Praticar atividades aquáticas;
·         Fazer alongamentos e flexionar as juntas;
·         Fazer exercícios anaeróbicos, tipo musculação;
·         Utilizar esteira ou bicicleta ergométrica; e
·         Exercícios de equilíbrio e coordenação motora.

É importante frisar que a escolha dos exercícios deve considerar as preferências e afinidades do parkinsoniano.

Dicas para realizar caminhada:
·         Ao andar ou ficar de pé, os pés devem ser mantidos separados aproximadamente 25 cm e não deve se cruzar;
·         Os pés devem elevar-se de maneira exagerada para desencorajar o arrastar de pé;
·         Coloque primeiro o calcanhar no chão, e depois o pé;
·         Fique o mais ereto possível - inclinar-se para frente torna mais provável o desequilibro;
·         A oscilação dos membros superiores deve ser exagerada;
·         Olhar para frente e não para o chão;
·         Os passos devem tender a ser mais longos;
·         Ao se virar, o paciente deve planejar fazer um grande arco, sem cruzar os pés;
·         Ao perceber que o andar está rápido, deve-se prontamente parar em pé, voltando ao ritmo inicial;
·         A marcha pode ser reassumida com passos altos e longos.
·         Dê a si mesmo instruções faladas, tais como: "calcanhar, calcanhar" enquanto segue em frente.

Orientações para Atividades Diárias:
·         Prestar atenção em cada um dos passos na realização de todos os movimentos, por exemplo: para comer, o paciente deve prestar atenção para pegar com o garfo o alimento, depois se concentrar em levantar o braço e por último em levar o garfo até a boca.
·         Andar com as costas bem retas, olhando para frente, dar passos largos apoiando primeiro o calcanhar no chão.
·         Procurar orientar os passos através de pistas visuais, por exemplo, um quadriculado de um ladrilho, colocando cada pé em um quadrado.
·         Sempre que errar na realização de um movimento, parar, respirar fundo e iniciar novamente desde o início.
·         Evitar ficar muito tempo na mesma posição durante o dia.

O ideal é contratar os serviços de um “personal trainer”, o qual fará uma avaliação e orientará quanto aos exercícios a realizar, a postura e o andar. Além disso, ele pode lhe trazer a motivação necessária para iniciar seu programa de exercícios.

Movimento é vida!
Não deixe para amanhã o movimento que pode realizar hoje.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

EXERCÍCIO FÍSICO E FIBROMIALGIA

Atualmente o exercício físico é visto como componente fundamental para a saúde e a qualidade de vida em todas as faixas etárias e para o controle e prevenção das doenças crônicas degenerativas. Nos últimos anos surgiram vários estudos que verificaram o efeito do exercício físico no controle e melhora dos sintomas em pacientes com fibromialgia. As pesquisas iniciaram a partir de 1976, quando Moldosky tentou induzir a mialgia por privação do sono e observou que indivíduos condicionados não desenvolviam dor. Posteriormente, foi constatado que os pacientes com fibromialgia possuem um nível de condicionamento físico inferior aos indivíduos sedentários (Bennett e cols. 1989). Sendo assim, o descondicionamento físico pode constituir papel secundário à dor ou a fadiga (Kingsley, 2005).

 No que tange ao papel do músculo na fibromialgia não há alteração primaria no músculo, o que existe são alterações decorrentes da capacidade aeróbica reduzida e déficit de relaxamento muscular. Entretanto, a similar resposta neuromuscular durante e após o exercício suporta a hipótese de que a estrutura muscular e função neuromuscular são normais em pacientes com fibromialgia (Hakkinen, 2001).

Desta maneira, o exercício passou a ser aceito como componente fundamental no manejo e tratamento do paciente com fibromialgia (Schachter, 2003). Segundo McCain (1994) os programas de exercício realizados 3 vezes por semana melhoram a capacidade aeróbia, a tolerância a dor e não provocam efeitos adversos. Wigers e cols., (1996) sugeriram que condicionamento físico aeróbio e o alongamento seriam benéficos, com discreta superioridade do primeiro.
O exercício aeróbio de alta intensidade quando comparados com o de baixa intensidade mostrou modesta melhora na aptidão física e efeito negativo no estado psicológico e na saúde geral. Já o exercício aeróbio de baixa intensidade são os mais eficazes, produzindo diminuição do impacto da fibromialgia e melhora na qualidade de vida dos pacientes.
Estudos recentes verificaram que o treinamento de força é benéfico e a adaptação ao treinamento de força é igual em pessoas com fibromialgia e saudáveis (Hakkinen, 2001), sendo que, estas intervenções têm implicações importantes na independência e na melhora da qualidade de vida em mulheres com fibromialgia (Kingsley 2005).
Muitos pacientes com fibromialgia não praticam atividade física por sentirem dor, fadiga, desanimo e rigidez muscular, contudo, o sedentarismo pode ser o caminho para a piora dos sintomas. Os pacientes devem ser encorajados a realizar o exercício físico mesmo com dor, pelo fato do exercício físico promover um relaxamento nos locais de dor, bem como uma melhora dos sintomas e da qualidade de vida.

Para melhor aderência ao exercício físico pelos fibromialgicos é importante mostra os benefícios que são alcançados com a atividade física, sendo estes:

  • Melhora a tolerância dor 
  • Melhora a resistência a Fadiga 
  • Estimula a liberação de serotonina melhorando o sono 
  • Estimular o sistema cardiovascular 
  • Aumentar o consumo de O2 (VO2 máx) 
  • Reduz o número de pontos dolorosos 
  • Melhora a força muscular 
  • Melhora a composição corporal 
  • Melhora a auto-estima 
  • Melhora as habilidades funcionais 
  • Melhora o status psicológico. 
  • Aumento da secreção do hormônio do crescimento  
  • Estímulo à liberação de endorfina e serotonina
Com isso, os benefícios da atividade física atuam melhorando a qualidade do sono, a capacidade funcional, a auto-estima, a dor e a fadiga, sendo assim, diminuem os principais sintomas da fibromialgia (Jones e cols., 2002).
O tratamento da fibromialgia deve ser feito preferencialmente de forma multidisciplinar, com o intuito de reduzir a dor e a fadiga, melhorar a qualidade do sono e outros sintomas associados, visando o controle dos distúrbios psicológicos e a melhora do condicionamento físico. O objetivo do tratamento é tornar os indivíduos, com este diagnóstico, capazes fisicamente e emocionalmente de terem uma vida produtiva.

Alguns cuidados devem ser tomados durante a realização de exercícios físicos para pacientes com fibromialgia, a fim de evitar piora dos sintomas e indução de dor:

  • minimizar os exercícios excêntricos;
  • incluir pausas entre repetições do exercício; 
  • descanso de 1 dia entre as sessões e o treino deve ser progressivo.

É importante saber que o benefício do exercício físico ocorre oito semanas após o início do programa e continua aumentando até a vigésima semana, mas alguns indivíduos podem sentir-se pior e com mais dor no início de um programa de exercício físico. Os benefícios obtidos tendem a desaparecer após um período de interrupção dessas atividades.
Um programa de treinamento físico para fibromialgia deve conter exercícios aeróbicos, treinamento de força e alongamentos. Sendo que o exercício aeróbio deve ser realizado com o mínimo de 3 vezes por semana, iniciando com atividades de baixa intensidade e aumentando gradualmente, mantendo a atividade moderada 60% e 80% da freqüência cardíaca máxima, iniciando com 5 minutos diários e progredindo até conseguir realizar 30 minutos por sessão. Os mais recomendados são a caminhada, bicicleta, hidroginástica e natação.
O treinamento de força é recomendado de no mínimo de 2 vezes por semana, iniciando com 1 série e progredindo até 3 séries com 8 a 12 repetições. Iniciar o exercício físico com baixa intensidade com aumento gradual, ajustando primeiro o volume e depois a intensidade do treino. Deve dar prioridade aos exercícios para os grandes grupos musculares devido à maior resistência a fadiga e evitar o trabalho muscular excêntrico para evitar aumento da dor.
Os exercícios de alongamento devem ser realizados diariamente por 10 a 20 minutos. Alongar todos os grupos musculares e manter a posição por 15 a 30 segundos em uma posição de incomodo leve.

Baseando-se no conhecimento da fisiopatogenia da fibromialgia e do quadro clínico, pode-se sugerir que um programa de exercício físico com orientação é uma opção segura, eficaz e benéfica para o tratamento da fibromialgia dentro de uma equipe multidisciplinar. A prática regular de exercício físico deve ser sempre bem orientada para os pacientes com diagnóstico de fibromialgia