Atualmente o exercício físico é visto como componente fundamental para a saúde e a qualidade de vida em todas as faixas etárias e para o controle e prevenção das doenças crônicas degenerativas. Nos últimos anos surgiram vários estudos que verificaram o efeito do exercício físico no controle e melhora dos sintomas em pacientes com fibromialgia. As pesquisas iniciaram a partir de 1976, quando Moldosky tentou induzir a mialgia por privação do sono e observou que indivíduos condicionados não desenvolviam dor. Posteriormente, foi constatado que os pacientes com fibromialgia possuem um nível de condicionamento físico inferior aos indivíduos sedentários (Bennett e cols. 1989). Sendo assim, o descondicionamento físico pode constituir papel secundário à dor ou a fadiga (Kingsley, 2005).
No que tange ao papel do músculo na fibromialgia não há alteração primaria no músculo, o que existe são alterações decorrentes da capacidade aeróbica reduzida e déficit de relaxamento muscular. Entretanto, a similar resposta neuromuscular durante e após o exercício suporta a hipótese de que a estrutura muscular e função neuromuscular são normais em pacientes com fibromialgia (Hakkinen, 2001).
Desta maneira, o exercício passou a ser aceito como componente fundamental no manejo e tratamento do paciente com fibromialgia (Schachter, 2003). Segundo McCain (1994) os programas de exercício realizados 3 vezes por semana melhoram a capacidade aeróbia, a tolerância a dor e não provocam efeitos adversos. Wigers e cols., (1996) sugeriram que condicionamento físico aeróbio e o alongamento seriam benéficos, com discreta superioridade do primeiro.
O exercício aeróbio de alta intensidade quando comparados com o de baixa intensidade mostrou modesta melhora na aptidão física e efeito negativo no estado psicológico e na saúde geral. Já o exercício aeróbio de baixa intensidade são os mais eficazes, produzindo diminuição do impacto da fibromialgia e melhora na qualidade de vida dos pacientes.
Estudos recentes verificaram que o treinamento de força é benéfico e a adaptação ao treinamento de força é igual em pessoas com fibromialgia e saudáveis (Hakkinen, 2001), sendo que, estas intervenções têm implicações importantes na independência e na melhora da qualidade de vida em mulheres com fibromialgia (Kingsley 2005).
Muitos pacientes com fibromialgia não praticam atividade física por sentirem dor, fadiga, desanimo e rigidez muscular, contudo, o sedentarismo pode ser o caminho para a piora dos sintomas. Os pacientes devem ser encorajados a realizar o exercício físico mesmo com dor, pelo fato do exercício físico promover um relaxamento nos locais de dor, bem como uma melhora dos sintomas e da qualidade de vida.
Para melhor aderência ao exercício físico pelos fibromialgicos é importante mostra os benefícios que são alcançados com a atividade física, sendo estes:
- Melhora a tolerância dor
- Melhora a resistência a Fadiga
- Estimula a liberação de serotonina melhorando o sono
- Estimular o sistema cardiovascular
- Aumentar o consumo de O2 (VO2 máx)
- Reduz o número de pontos dolorosos
- Melhora a força muscular
- Melhora a composição corporal
- Melhora a auto-estima
- Melhora as habilidades funcionais
- Melhora o status psicológico.
- Aumento da secreção do hormônio do crescimento
- Estímulo à liberação de endorfina e serotonina
Com isso, os benefícios da atividade física atuam melhorando a qualidade do sono, a capacidade funcional, a auto-estima, a dor e a fadiga, sendo assim, diminuem os principais sintomas da fibromialgia (Jones e cols., 2002).
O tratamento da fibromialgia deve ser feito preferencialmente de forma multidisciplinar, com o intuito de reduzir a dor e a fadiga, melhorar a qualidade do sono e outros sintomas associados, visando o controle dos distúrbios psicológicos e a melhora do condicionamento físico. O objetivo do tratamento é tornar os indivíduos, com este diagnóstico, capazes fisicamente e emocionalmente de terem uma vida produtiva.
Alguns cuidados devem ser tomados durante a realização de exercícios físicos para pacientes com fibromialgia, a fim de evitar piora dos sintomas e indução de dor:
- minimizar os exercícios excêntricos;
- incluir pausas entre repetições do exercício;
- descanso de 1 dia entre as sessões e o treino deve ser progressivo.
É importante saber que o benefício do exercício físico ocorre oito semanas após o início do programa e continua aumentando até a vigésima semana, mas alguns indivíduos podem sentir-se pior e com mais dor no início de um programa de exercício físico. Os benefícios obtidos tendem a desaparecer após um período de interrupção dessas atividades.
Um programa de treinamento físico para fibromialgia deve conter exercícios aeróbicos, treinamento de força e alongamentos. Sendo que o exercício aeróbio deve ser realizado com o mínimo de 3 vezes por semana, iniciando com atividades de baixa intensidade e aumentando gradualmente, mantendo a atividade moderada 60% e 80% da freqüência cardíaca máxima, iniciando com 5 minutos diários e progredindo até conseguir realizar 30 minutos por sessão. Os mais recomendados são a caminhada, bicicleta, hidroginástica e natação.
O treinamento de força é recomendado de no mínimo de 2 vezes por semana, iniciando com 1 série e progredindo até 3 séries com 8 a 12 repetições. Iniciar o exercício físico com baixa intensidade com aumento gradual, ajustando primeiro o volume e depois a intensidade do treino. Deve dar prioridade aos exercícios para os grandes grupos musculares devido à maior resistência a fadiga e evitar o trabalho muscular excêntrico para evitar aumento da dor.
Os exercícios de alongamento devem ser realizados diariamente por 10 a 20 minutos. Alongar todos os grupos musculares e manter a posição por 15 a 30 segundos em uma posição de incomodo leve.
Baseando-se no conhecimento da fisiopatogenia da fibromialgia e do quadro clínico, pode-se sugerir que um programa de exercício físico com orientação é uma opção segura, eficaz e benéfica para o tratamento da fibromialgia dentro de uma equipe multidisciplinar. A prática regular de exercício físico deve ser sempre bem orientada para os pacientes com diagnóstico de fibromialgia
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